Entrevista com o candidato a eurodeputado António Amaral
O nosso gestor de assuntos governamentais, Zoltan Kesz, entrevistou um candidato da Iniciativa Liberal ao Parlamento Europeu. A conversa procurou compreender as suas perspectivas sobre o futuro da Europa, as estratégias que recomendam para abordar as questões actuais e a sua posição sobre questões políticas importantes.
Quais são os maiores desafios que a UE enfrenta atualmente?
“O nosso principal objetivo deve ser defender os valores europeus da democracia, da liberdade, da segurança, da proteção social e da sustentabilidade, tanto agora como no futuro, para os europeus.
Somos confrontados com crises imediatas, como a guerra da Rússia contra a Ucrânia. Apoiamos firmemente o povo ucraniano. Além disso, enfrentamos desafios estratégicos, incluindo a necessidade de evitar a dependência de regimes tirânicos para energia, alimentos e tecnologia. Para este fim, defendemos a diversificação de fornecedores através de mercados livres, comércio internacional e cooperação para o desenvolvimento.
No entanto, os desafios mais significativos que enfrentamos podem ser menos aparentes. O crise do custo de vida poderá intensificar-se, especialmente porque os planos de recuperação precisam de ser reembolsados, alimentando potencialmente um maior populismo. Tendências demográficas podem afectar gravemente as nossas economias e os nossos estados de bem-estar social. Além disso, estamos perdendo competitividade nos mercados globais, diminuindo a nossa capacidade de gerar recursos e soluções para outras questões prementes, como a transição tecnológica e energética.
Qual é a sua visão da Europa na próxima década?
Acreditamos firmemente que a Europa deveria liderar o mundo em inovação. Para conseguir isto, temos de minimizar a burocracia, concluir o mercado comum e desbloquear o potencial criativo de 450 milhões de europeus. Esta visão vai além do crescimento económico; trata-se de garantir sistemas sociais robustos e de criar um continente mais sustentável. Trata-se de cultivar uma sociedade com possibilidades e oportunidades para todos.“
Como você vê o papel da IA no futuro próximo? O que você acha de regulamentar isso?
“Reconhecemos o imenso potencial da IA, juntamente com os riscos da sua utilização indevida para minar as nossas liberdades e direitos como indivíduos e cidadãos de sociedades democráticas, de mercado livre e abertas. Ao mesmo tempo que abraçamos a mudança, não devemos inaugurar distopias onde as pessoas são privadas de direitos. E não deveríamos ter a presunção de microgerir o progresso. A regulamentação deve proteger firmemente as liberdades e os direitos, estabelecer limites éticos, clarificar regras justas de envolvimento e, ainda assim, permanecer suficientemente flexível para permitir que a inovação floresça.“
Como é que a Europa beneficia dos acordos de comércio livre?
“O comércio livre é vital para melhorar a qualidade de vida de todos. O comércio livre tem tudo a ver com interdependência económica mutuamente benéfica, promovendo a cooperação e o desenvolvimento e unindo povos e nações na paz – o comércio livre beneficia todas as partes. A Europa beneficia enormemente da produção de bens e serviços que outras regiões comercializam avidamente para a sua própria produção, aumentando assim a produção económica global, criando novos recursos e gerando oportunidades para as pessoas.
Os acordos de livre comércio são inerentemente políticos. Alguns inclinaram-se fortemente para o “comércio gerido”, uma abordagem que não apoiamos. Os acordos de comércio livre devem dar prioridade à remoção de barreiras ao comércio internacional e permitir que as pessoas façam bom uso da sua liberdade económica.“
Muitos políticos falam em diversificação energética. Qual é a solução ideal, na sua opinião?
“A diversificação das fontes de energia não é apenas uma necessidade técnica, é um imperativo geopolítico. Simplesmente não podemos ser mantidos reféns de regimes que são abertamente hostis aos princípios da democracia liberal. Defendemos impostos mais baixos sobre a energia, o princípio da neutralidade tecnológica no que diz respeito à abordagem governamental à produção de energia, uma rede energética europeia mais conectada, um mercado comum competitivo baseado na concorrência aberta e livre.“
Qual você prefere e por quê? Inovação versus regulamentação?
“Acreditamos que a inovação é o caminho para uma Europa mais competitiva, promovendo maior prosperidade, oportunidades e uma melhor qualidade de vida. Como defensores ferrenhos do mercado livre, reconhecemos que a falta de regras pode levar a uma tragédia dos bens comuns. A regulamentação deve proteger as liberdades, os direitos e as preocupações sociais legítimas – abordando as externalidades negativas como a poluição – ao mesmo tempo que permite que a inovação competitiva no mercado aberto prospere. Deve garantir uma decisão rápida, firme e justa quando os limites são ultrapassados. Apoiamos uma regulamentação sensata – e não a burocracia, a capacitação de poderes mesquinhos, o dirigismo em grande escala ou a obstrução do progresso. Imaginamos uma sociedade onde os indivíduos não precisam de permissão para prosseguir de forma pacífica e produtiva o seu propósito na vida. Assim, acreditamos que o poder político tem o dever de simplificar a vida das pessoas.“
Quais são as preocupações dos seus eleitores em relação à União Europeia?
“O povo português preocupa-se principalmente com questões nacionais como o custo de vida, a habitação e os cuidados de saúde, projetando muitas vezes essas preocupações na União Europeia. Em questões mais próximas das competências da UE, como a reação à guerra na Ucrânia, a sustentabilidade e os fundos de desenvolvimento, as opiniões divergem. Algumas facções portuguesas defendem medidas populistas, como a interferência no BCE, a implementação de extensos programas de bem-estar social em toda a Europa e a adopção de políticas rigorosas em relação aos migrantes. Em contraste, os eleitores liberais dão prioridade à redução da burocracia europeia (exacerbada pela sobrerregulação interna), à reavaliação dos fundos para promover reformas e autonomia económica em vez da dependência, e ao aumento da competitividade global da Europa.“
Acha que é sensato aceitar mais países na União?
“Acreditamos que é uma obrigação ética da União Europeia acolher os países que conseguiram cumprir os requisitos da ascensão – especialmente o respeito pelos direitos humanos, pelas instituições democráticas, pelos mercados livres – e que querem continuar nesse caminho.“